Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/181

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uma perna monstruosa, com a carne grossa, engelhada em dobras encoscoradas, coberta de cicatrizes.

Dona Júlia olhava, quando uma mocinha parou diante dela, com uma sacola, esmolando para os pobres. Felícia atirou umas moedas, por ela e pela ama e o homem chamou a crioula que ninava a filha enferma.

— Então: como vai ela?

— Parece que agora vai um pouquinho melhor, com a graça de Deus.

— É outro caso, - explicou o apóstolo. - Esta criança não dormia, com a coqueluche, estava inchada e, com cinco dias de tratamento... Cinco dias, não?

— Cinco, sim, senhor; uma colherinha d'água no café.

— Está melhorando. E dorme bem, não?

— Ainda tosse, mas não tanto como tossia.

— Vê? - Dona Júlia concordou. - E seu marido?

A cabrocha encolheu os ombros.

— Esse é que está no mesmo, coitado!

— Mas... - e coçando o queixo com frenesi: tem feito o que eu disse?

— Tenho sim, senhor.

— E donde vem essa água? perguntou Dona Júlia.

— Da caixa; é água da caixa, mas impregnada de fluidos superiores.

— E cura?

— A senhora não está ouvindo?