Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/238

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— Frutas e doces.

— Para mim?

— Para quem hão de ser? Mas vamos ao nosso caso: Queres ou não?

— Não. - Voltou rapidamente a cabeça. - Mas me diga uma coisa: o senhor não vem aqui quando quer?

— Venho.

— E então?!

— Mas quero que sejas só minha! - exclamou apertando-a com frenesi.

— Isso é lembrança. Que tem uma coisa com outra?

— Tem muito.

— Qual nada!

Tomou o embrulho ao colo, desfê-lo separando os dois que vinham unidos. Palpou-os e, sentindo as frutas, rasgou o papel.

— Assim até tem mais graça e quando o senhor me enjoar pode dizer adeusinho.

E, arregaçando faceiramente o lábio, com a cabeça pendida trincou uma pêra.

— Então decididamente não queres?

— Olhe, quer saber? a coisa de que eu tenho mais medo neste mundo é barriga. Deus me livre! Se eu fosse como muitas que há por aí, isso sim, mas eu! Eu, se tiver um filho, na roda é que ele não vai - mal ou bem hei de criá-lo, o pouco que eu tiver há de chegar para ele. Não quero que Deus me castigue por causa de maluquices. Se vier...

— E Mamede?