Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/256

Wikisource, a biblioteca livre

vendo a calma do Junqueira, que acamava cartões, cercando, com insistência, o 20, arrojou-se carregando no 29 e cobrindo corajosamente os demais números da última dezena.

— 7!

Narciso resmungou uma torpeza, e Barroso, sem tirar o cigarro da boca, mostrou três fichas. Paulo desabafou vendo os seus cartões, as suas fichas rolarem no monte, raspados pelo rateou:

— Estás vendo? Que te disse eu? Justamente quando a sorte começava, vieste com os tais pedidos...

— Ora qual!

— Pois sim, mas nunca me peças dinheiro quando eu estiver jogando.

— E tu não me pedes?

Paulo cresceu para o poeta, de olhos chispantes:

— Nunca! Nunca pedi, nem peço!

— Ora, não pedes...

Ainda resmungaram. O sinfonista, sorrindo, brincava com as fichas, deixando-as cair d'alto por entre os dedos apinhados. Paulo insistiu no grande, mas quando a roleta amorteceu, Messias, sorrindo, chasqueou:

— Não fale mal da Leontine, doutor... - e declarou com lentidão, arrastando a voz: 17.

Houve um largo suspiro de desabafo - o número estava carregado. O doutor tinha dois cartões em pleno, Junqueira tinha outros tantos, e alguns a cavalo