Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/260

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e, meneando com a cabeça, num espanto, pôs-se a repetir:

— Sim, senhor...! Sim, senhor...! assombrado com a sorte do estudante, que sorria, feliz, sem ânimo de tocar na rima de fichas que deixara sobre o número. O ficheiro contou: 23, e logo anunciou - 805.

— Homem, agora tiraste o pé do lodo.

— Já era tempo...!

— Boa tacada! - e saiu, circulando a mesa, a repetir: Boa tacada! Boa tacada! - Mas, tomando ao seu posto, segredou ao estudante, retorcendo nervosamente o bigode: Estás de sorte, atira-te!

Às l0 1/2, anunciando-se a última bola, Paulo contou 260 cartões. Aurélio rondava-o d'olhos compridos.

— Fichas a troco... - disse morosamente o Messias, desligando um maço de notas.

Paulo recebeu o bolo - dois contos e seiscentos, aparentando indiferença, mas os dedos tremiam-lhe e uma palidez cadavérica cobria-lhe o rosto. Messias felicitou-o pelo "tiro"; ele sorriu.

Os pontos espalhavam-se comentando o jogo extravagante da noite, e Junqueira, sacudindo os braços, espichou-se na chaise longue abandonadamente, trauteando uma ária de opereta. O deputado propôs um "lansquenetezínho honesto" até meia-