Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/333

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chamar um quitandeiro, quando ele vinha vindo. Tome cuidado. Mamede não é bom.

— Histórias...!

— Histórias!? O senhor pensa que ele é uma coisa e ele é outra. Eu é que posso falar. Basta que eu diga que vivi com ele dois anos, não foram dois dias.

Paulo sorriu; e ela ajuntou: que haviam aparecido duas criadas. Não ajustara por não saber o preço que convinha.

— É verdade! Nem me lembrei de prevenir-te. E... para onde foi ele?

— Não sei. Anda por aí rondando, com certeza. Mamede é mau; ouça o que lhe estou dizendo. Mamede tem maus bofes.

— Pois sim.

Fez-lhe uma festa no rosto e entrou para falar à mãe. Achou-a agitada, aflita, queixando-se de falta de ar, pedindo que abrissem largamente as portas do quarto; não podia respirar, sentia um peso enorme no peito.

— Quer que eu vá chamar o médico?

— Para que médico? Pede para me fazerem um pouco de chá.

Não lhe passou despercebido o mau humor de Dona Júlia, que evitava encará-lo, desviando o olhar. Teria ela desconfianças? Tê-lo-ia visto passar, à noite, sentido algum rumor através da parede que separava os dois quartos? Falou à Ritinha, comunicando o desejo da enferma e, para sondá-la, sem dar a perceber a sua suspeita, perguntou:

— Ela passou bem o dia?

— Não quis