Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/72

Wikisource, a biblioteca livre

O mulato empinou-se num ímpeto de espanto e, hirto, d'olhos esbugalhados, exclamou:

— Como, nhozinho!? Não me diga isto! Nhá Violante...! Com quem?

— Não sei.

— Quando, nhozinho?

— Ontem à noite.

— E vosmecê não desconfia de alguém?

— Ora, Mamede, eu, com a vida que tenho, pouco paro em casa. Não sei.

— E a velha?

— Mamãe, coitada!

— Ora, Nhá Violante! Uma menina que parecia uma santa... Vosmecê já foi à polícia?

— Fui ontem. Mas não confio naquela gente. O que eu quero é que tu me auxilies. Só conto contigo.

— Comigo!? - exclamou o mulato vaidoso, espalmando a mão no peito.

— Sim, tu conheces essas coisas. Contigo tenho certeza de descobrir o patife.

O mulato encolheu-se, modesto.

— Ah! nhozinho, também não é assim como vosmecê pensa, - disse escarvando a cabeça; - não é assim. Se a gente ainda tivesse uma dica... - Encolheu-se, pensativo, mordicando os grossos beiços, levantando o bico das chinelas. De repente, firmando-se, explicou: Aqui só há um meio - é a gente conversar com os cocheiros. Ela, com certeza, foi de carro, eu sei; ninguém faz essas