Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/92

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do meu serviço. Elas vêm aí, que hei de fazer?

— Pensam que não sei que me chamam de orgulhoso? Pois sou, sou mesmo! Não quero saber de amizades, vivo muito bem só. Está aí em que deram as amizades. Quer mudar-se?

— Decerto. Não tenho cara para ficar aqui.

— Nem eu. Mas eu sei que, onde quer que estejamos, há de ser sempre a mesma coisa: conversas, visitas...

— Comigo!? - exclamou a velha espalmando a mão no peito.

— Não, comigo...

— Estás enganado. Eu, tenho o meu descanso, pouco me importo com o mundo.

Houve um silêncio. Paulo passeava nervosamente pela sala, arrepelando os cabelos, arrependido de haver magoado a boa velha, que ainda os soluços agitavam como os últimos relâmpagos de uma tormenta. De repente, estacando, perguntou:

— A senhora já almoçou?

— Eu tenho lá fome...! Tomei uma xícara de café.

Calaram-se.

Comovido, apuado pelo remorso, Paulo sentou-se perto dela, e meigo, adormecendo a cólera que o agitara, pôs-se a falar da mudança:

"Que não podiam continuar naquela casa, mesmo por ela, que havia de estar constantemente a lembrar-se de Violante."

— Ah! meu filho, ainda me parece um sonho. Há pouco estava lá dentro na