Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/174

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todos, naquelas pitorescas vilas de remotas e decrépitas ideias, supu-nham que Sua Majestade não fazia uma viagem política, mas uma excursão alimentícia:

Na viagem memoranda e vitoriosa que Sua Majestade El-Rei fez às províncias do

Norte, as cidades e vilas observaram uma singular táctica: disfarçaram-se. Mal Sua

Majestade se avizinhava, as localidades cobriam-se, como de um dominó administrativo, de arcos de murta, bandeiras, festões, ramos de louro, colchas de damasco, dosséis de paninho, lanternas, e fumo de foguetes. A senhora localidade ficava assim escondida, despercebida, agachada, mascarada, trasvestida, sob a decoração de verduras fatigadas e de damascos desbotados. Ora as cidades e vilas deviam saber que

Sua Majestade não foi às províncias do Norte para se divertir! e que Sua Majestade, a respeito dos povos — não lhes queria o amor, queria-lhes o lombo. Além disso, muitos ingénuos daqueles lugares frondosos, querem ser barões; e supuseram que a melhor maneira de atrair a boa vontade de el-Rei, não era à custa de acções valiosas, mas a doses de carne assada. E tanto fizeram nesta recepção suculenta — que Sua Majestade poderá muito bem trazer esta ideia das suas províncias do Norte — que elas não são nem florescentes, nem decadentes — que são apenas indigestas. E invejam-se os Reis!

Quantas singularidades, nesta viagem, da parte das câmaras! Um pouco antes de

Vila do Conde — na estrada, à passagem do Rei, erguia-se este ornato: um palanque — um palanque! — com um mestre-escola cercado dos seus discípulos, funcionando.

Decoração inesperada! As escolas até aqui tinham sido quase tudo, desde enxovia até curral: só não tinham sido duas coisas — escolas e arcos de buxo.