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nome refugiados em Maranhão, os quaes elles mandaram á terra para tomar conhecimento, e informações, si na Ilha haviam muitos francezes, si estavam fortificados, e si tinham canhões.

Felizmente dirigiram-se aos Tupinambás, que lhes disseram não haver na Ilha um só francez, um só forte, um só navio, barca, nem canhão, e com tal segurança principiaram a comer, e os Tupinambás mandaram immediatamente ao forte de S. Luiz contar tudo isto.

Expedio-se logo uma barca, bem esquipada, com o fim de prender os portuguezes; porem aconteceo, que um traidor Canibal, inimigo rancoroso dos francezes, e a quem já se tinha muitas vezes perdoado castigos, em que havia incorrido, sabendo da noticia da vinda dos outros, foi procural-os furtivamente, e em segredo lhes disse — «que fazeis aqui, fugi depressa para o mar, regressae ao vosso navio, porque os francezes tem na Ilha um bello forte, canôas, navios, e canhões.»

Mal ouviram isto, levantaram-se ás pressas, e disseram aos seos hospedes Tupinambás, que os divertiam — Ah! maus, enganaes vossos camaradas — e assim dizendo á passos apressados foram com o traidor para a sua canôa, e em breve chegaram a barca, ancorada n’uma enseiada um pouco adiante.

Vendo isto os portuguezes, desconfiaram logo que os francezes estavam na Ilha, e que não deixariam de os perseguir, e apenas tinham levantado ancoras, descobriram a barca dos francezes, e estes a d’elles, apressaram-se a tomar a dianteira dos portuguezes, navegando á bolina, muito bem, quebrando os rolos d’agoa, pelos bancos d’area, pouco pensando em encalhar comtanto que conseguissem apresional-a do que lhes resultaria muita commodidade, visto conhecer-se a intenção dos portuguezes, descoberta pela bôa vontade dos...

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