fazem. Se não viajam, se não sahem, se
não
vêem mundo ésta gente de Lisboa! E passam a
sua vida entre o Chiado, a rua do Oiro e o theatro
de San’Carlos, como hãode alargar a esphera
de seus conhecimentos, desinvolver o espirito,
chegar á altura do seculo?
Coroae-vos de alface, e ide jogar o bilhar, ou fazer sonetos á dama nova, ide, que não prestais para mais nada, meus queridos Lisboetas; ou discuti os deslavados horrores de algum mellodrama velho que fugiu assoviado da ’Porte-Saint Martin’ e veio esconder-se na Rua-dos-Condes. Tambem podeis ir aos Toiros — estão imbolados, não ha perigo...
Viajar?.. qual viajar! até á Cova-da-Piedade, quando muito, em dia que lá haja cavallinhos. Pois ficareis alfacinhas para sempre, cuidando que todas as praças d’este mundo são como a do Terreiro-do-Paço, todas as ruas como a rua Augusta, todos os cafés como o do Marrare.
Pois não são, não: e o do Cartaxo menos que nenhum.