Página:Vida e morte de M J Gonzaga de Sá (1919).djvu/125

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e calva de sábio. Não preciso mais da tua, continuou ele para o tal dos 200 réis. De outra vez, quando viajar contigo, hei de ter a precaução de trazer sempre dinheiro trocado. Não me fio em gazeteiros...

E, sem que ninguém esperasse, sem que houvesse o mínimo motivo, todos os quatro romperam numa gostosa gargalhada.

Gente fácil de rir-se, pensei eu. Enfim, o riso brota de acordo com a inteligência de cada um. O “subérbio” já estava em movimento. Deixei de observar os quatro curiosos personagens, virei o rosto e, pela portinhola, pus-me a ver a paisagem, os morros altos e azulados, o verde-claro das campinas, o verde-escuro das encostas, as fagulhas de luz, as hastilhas de alegria no ar, as palmeiras melancólicas... Um dia viria que tudo isso havia de fugir dos meus olhos... Por que não sou assim como aquele barrigudo senhor, inconscientemente animalesco, que não pensa nos fins, nas restrições e nas limitações? Longe de me confortar a educação que recebi, só me exacerba, só fabrica desejos que me fazem desgraçado, dando-me ódios e, talvez, despeitos! Porque m’a deram? Para eu ficar na vida sem amor, sem parentes e, porventura, sem amigos? Ah! se eu pudesse apagá-la do cérebro! Varreria uma por