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O SACI
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Pedrinho prometeu, e de medo de não cumprir o prometido foi logo tapando os olhos com as mãos.

O saci partiu, saltando de pedra em pedra, para logo desaparecer por entre as moitas de samambaias e begonias silvestres.

Vendo-se só, Pedrinho arrependeu-se de haver prometido conservar-se de olhos fechados. Já tinha visto o Lobishomem, o Capora, o Curupira, a Cuca. Por que não havia de ver a Iára tambem? O que diziam do poder malefico dos seus encantos com certeza era exagero. Além disso, poderia usar um recurso: espiar com um olho só. Se ficasse cégo, ficaria cégo de um olho só. O gosto de contar a toda gente que tinha visto a famosa Iára valia bem um olho!

Assim pensado, e não podendo por mais tempo resistir á tentação, fez como o saci: foi pulando de pedra em pedra, seguindo o mesmo caminho por ele seguido.

Subito, estacou, como fulminado pelo raio. Ao saltar a uma pedra mais alta do que as outras, viu, a cincoenta metros de distancia, uma ninfa de deslumbrante beleza em repouso numa pedra verde de limo, a pentear com um pente de ouro os longos cabelos verdes côr do mar. Mirava-se no espelho das aguas, que naquele ponto formavam uma bacia de superficie parada. Em torno dela centenas de vagalumes descreviam circulos no ar, forman-Não adicionar a ilustração