negro interrompeu o depoente para esclarecer um ponto, da seguinte forma:
— Então, o primo afirma que viu...
— Quem é o primo? — indagou o brigadeiro, estupefato com aquela falta de respeito.
— O senhor, naturalmente, — insistiu Gama.
— Mas, primo de quem?
— Ora, meu, de certo.
— Seu primo? — explodiu o fidalgo num assomo de cólera. Mas baseado em que parentesco?
— Homessa! concluiu risonho o advogado. — Eu sempre ouvi dizer que bode e carneiro são parentes. E parentes chegados”.
Ha ainda outras, porque nesse gênero, algumas entrevistas, bem conduzidas, com pessoas que se recordam do grande negro, ou que conviveram com outras que o conheceram, dariam farta mésse de piadas.
Gama e Antonio Carlos eram amicissimos e tinham a banca profissional na mesma casa, [1] um sobradinho da rua Quinze de Novembro, pegado ao atual Café dos Andes. O baiano vivia a chamar Antonio Carlos de “negrinho”, fazendo alusão a ser ele, embora branco, de tez ligeiramente amorenada.
Certa ocasião [2] em que o governo imperial mandara proceder ao recenseamento demográfico, o encar-