Eis que brada um peralta retumbante;
— Teu avô, que era de cor latente,
teve um neto mulato e mui pedante!
Irrita-se o fidalgo qual demente,
trescala a vil catinga nauseante...
E não pode negar ser meu parente» |
Com essas credenciais de seu pensamento, tão reiteradamente expresso, não admiraria ver repontar, de repente, no meio do volume das “Trovas Burlescas”, a imperecivel vaia do “Quem sou eu?” que se vulgarizou, com o nome de “Bodarrada”, pelo Brasil inteiro, como a melhor farçada de Luiz Gama, e que lhe deu o direito, reconhecido por Silvio Romero, de ingressar no panteon dos poetas satíricos da nacionalidade.
E’ muito citada a composição, é, a rigor, a unica que se transcreve do insigne negro, mas não posso deixar de a trasladar mais uma vez. Na sua biografia não póde faltar a peça que lhe deu a nomeada de literato. Ei-la:
QUEM SOU EU?
”Quem sou eu? que importa quem?
Sou um trovador proscrito,
Que traga na fronte escrito
Esta palavra — Ninguém! —
(A. E. ZALUAR — Dôres e flôres)
Amo o pobre, deixo o rico,
vivo como o tico-tico;
não me envolvo em torvelinho:
vivo só no meu cantinho: