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À Guiomar

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(Resposta à carta duma linda bonequinha de luxo)

A prima não adivinha,
Não sabe a viva emoção,
O gosto, a alegria minha,
Ao receber a cartinha
Que recebi da sua mão!

Que festa... Aqui, nesta rima,
Não cabe o orgulho, o prazer,
Com que eu me vi, linda prima,
Lembrado na sua estima,
Querido no seu querer.

Já nem eu sei quantas vezes
A carta li, minha flor...
Que termos tão portugueses!
E que louvores corteses
Aos meus dotes de escritor!

E o fim então, ó tentadora?
Lá está, com um fino elogiar,
A frase envaidecedora:
"Da prima e admiradora,
"Guiomar"...

Quê? Pois você me admira?
Verdade? Não sei... não sei.
Mas olhe que essa mentira
Foi para mim, pobre caipira,
O louro que eu mais prezei!

E agora, após tudo aquilo,
Tudo o que disse você,
Proclamo aqui, alto e tranqüilo:
— Você parece, no estilo,
Madame de Sévigné...

Não julgue, amável priminha,
Que seja retribuição...
Capaz! É justiça minha.
— Justiça à doce cartinha
Que recebi da sua mão!