A Esperança Vol. I/Duas palavras ao poeta Pinto Ribeiro
Onde está a lyra do mimoso poeta Pinto Ribeiro? A lyra sonorosa onde cantou as «Lagrimas e Flores» e as «Corôas Flutuantes?»
Repellirá elle agora a musa que tanto o favorecia e que não deixava de voltejar em redor d'elle? Terá pois valor para suffocar o genio sublime que o inspirava com tanta eloquencia? Callar no coração as inspirações ideaes? Vendar os olhos d'alma para não vêr as celestes visões que se mostram aérias ao poeta? Não; não creio tal; o poeta recebe do céo a inspiração e não ha-de desdenhar assim a divindade.
Pinto Ribeiro, não podia abandonar a lyra ; não é possivel! Elle canta na solidão para ninguem o ouvir; elle guarda talvez os seus cantos para os legar á posteridade que lhes saberá dar o devido apreço...
Quasi sempre aos bons escriptores se lhes reservam honras e louvor para quando descançam já no tumulo!.. O orgulho não deixa muitas vezes aos contemporaneos fazer-lhes a merecida justiça!..
Mas nós, os seus amigos e admiradores, por que não nos será dado tornar a ouvil-o? Nós, que não gosaremos os seus cantos n'esse porvir, por que coévos de poeta, baixaremos em antes, ou col elle á sepultura.