A Morte (Olavo Bilac)

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Oh! a jornada negra! A alma se despedaça...

Tremem as mãos... O olhar, molhado e ansioso, espia,

E vê fugir, fugir a ribanceira fria,

Por onde a procissão dos dias mortos passa.



No céu gelado expira o derradeiro dia,

Na última região que o teu olhar devassa!

E só, trevoso e largo, o mar estardalhaça

No indizível horror de uma noite vazia...



Pobre! por que, a sofrer, a leste e a oeste, ao norte

E ao sul, desperdiçaste a força de tua alma?

Tinhas tão perto o Bem, tendo tão perto a Morte!


Paz à tua ambição! paz à tua loucura!

A conquista melhor é a conquista da Calma:

- Conquistaste o país do Sono e da Ventura!


(As Viagens, XII)