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A Mulher na agricultura, nas industrias regionaes e na Administração Municipal/Conclusões

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Conclusões
 

 

1.ª Sendo Portugal considerado teoricamente um país agricola, de facto a agricultura e correlativas industrias conservam-se num estado de primitivismo vergonhoso.

É urgente sair deste miseravel estado de inferioridade, interessando todos no mesmo ideal de progresso nacional, cabendo aos municipios a missão de disciplinar e dirigir todas as vontades para o mesmo fim progressivo.

2.ª Sendo a mulher considerada um dos factores mais importantes do progresso agricola e o dique natural ao desenraizamento progressivo que atrofia as sociedades, é necessario liga-la á agricultura inteligente pela associação, pela escola e pela compreensão da felicidade que advirá para a familia portuguêsa do seu trabalho scientificamente orientado.

3.ª Os municipios devem cuidar, sem perda de tempo, da instrução agricola feminina, a exemplo do que se faz em todos os países civilizados, pela escola agricola e domestica, especializando o ensino da floricultura, da arboricultura e da horticultura, que mais de perto ínteressam o trabalho feminino.

Ainda pela escola e pela propaganda deve chamar-se a mulher ao util trabalho da lacticultura, bem como da criação de aves, coelhos, porcos, sirgos, abelhas, etc.

4.ª Não podendo esperar-se do poder central uma solução imediata e salutar ao problema urgente da instrução agricola feminina, deveriam as municipalidades encetar esse trabalho, fundando escolas domesticas-agricolas nas cidades mais populosas e fazendo espalhar por todas as populações rurais as missões de propaganda e ensino pratico, que tanto beneficio têem prestado em toda a parte.

5.º — A escola agricola não pode de modo algum ser confundida com a escola primaria, sómente esperando-se dos professores desta uma bôa propaganda pela palavra e pela distribuição, a cargo dos municipios, de bons livros sôbre os assuntos que interessam a agricultura e suas industrias.

O tipo das escolas domesticas-agricolas femininas, bem conhecidas de todos os que teem viajado ou lido, deve aplicar-se de modo que a escola secundaria seja instituida nas cidades, a primaria nas vilas e as missões moveis percorram todas as pequenas localidades onde sejam reclamadas ou onde se veja serem necessarias.

6.° — Sabendo-se quanta importancia tem para uma localidade o desenvolvimento das suas industrias regionais, devem as camaras influir para que, nas escolas industriais, de preferencia se estudem e desenvolvam as industrias que houver na respectiva região, dando-lhes o caracter pratico, facilitando a colocação do trabalho que se deve proporcionar ás obreiras, não só nas oficinas como no lar domestico, talvez ainda mais a estas, pelo interesse moral de as fixar á terra e consequentemente á familia.

7.° — Sendo conhecida e apreciada mundialmente a benefica influencia social da mulher na comparticipação administrativa, principalmente das paroquias e dos municipios, cumpre a este congresso formular o seu voto de adesão a essa legitima aspiração feminina, que honrará a mulher portuguesa, a quem tanto respeito e tanto reconhecimento deve o homem que ao seu lado a tem tido como colaboradora modesta dum passado glorioso.

Os tempos mudaram e a mulher, evolucionando como o homem, necessita de colaborar com ele no progresso e maior grandeza da Patria.

Este congresso, aceitando como representante dum municipio uma mulher, virtualmente formulou a sua adesão a essa ideia.

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em 15 de Outubro de 1915