A língua dos olhos
Aspeto
Queria dizer que te amo,
Queria dizer: te adoro,
Acho o teu olhar canoro
Como os sons de um gaturamá.
Mas, ligeiro qual um gamo,
Foge-me o verbo sonoro:
Em vão os versos decoro
A memória em vão reclamo:
O loquaz entusiasmo
Esfria de uma lapada
E faz-se um brutal marasmo.
É que a linguagem falada
Tem honras de pleonasmo
Ante os fulgores da olhada.