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A pinguela

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Há muito a chuva cai torrencial: o rio
Ruge, e levanta o colo engrossado à barranca,
Toma agora o caminho, enche agora o desvio,
E põe aos ombros os velhos troncos, que arranca.

Tem largas convulsões histéricas de frio
A mata, aos verdes pés brame-lhe a espuma branca;
Tudo empolga a torrente: uma passagem franca
Tem contudo este abismo indômito e sombrio:

É a pinguela: um tronco estreito atravessado
Sobre a água: o sertanejo afaga o companheiro,
Belo animal que monta, e o despe, e o lança a nado;

Cantando, e a pé viril, de um velho fauno herdeiro,
Com o selim que sobraça, e a coma ao vento irado,
Pisa-o como se fosse um sólido carreiro...