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A política do distrito

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Desde que me aposentei, sigo a política do país com um carinho extraordinário; mas, de toda ela, a que mais me interessa é a do distrito, porquanto sou candidato a intendente municipal, no próximo pleito.

Não é possível que o Rio de Janeiro seja representado diretamente na pessoa de respeitáveis senhores que nasce­ram no Funchal ou em Alagoas.

O Rio precisa de uma representação própria, de pessoas que o conheçam e por ele se interessem.

Na Câmara, é uma lástima. Nenhum dos deputados pelo Rio de Janeiro, com poucas exceções o conhece. O senhor Paulo de Frontin, cujo clericalismo tanto me afasta dele, é uma das exceções, não só por sua competência e ilustração, como por ser um carioca da gema.

No Senado, é outra desgraça, tanto assim que tem para senador o senhor Otacílio Camará, moço de vários títulos de doutor, mas muito bom para ocupar a cátedra do senhor Vito­rino Monteiro.

O Conselho Municipal é tudo o que o Rio de Janeiro tem de falso. Muito poucos nasceram no Rio e quase todos só conhecem o centro da cidade e o bairro em que vivem.

É preciso reagir contra esse estado de coisas. Urge que tomemos, nós cariocas legítimos ou honorários, uma providên­cia.

Caire, o popular e estimado doutor Aristides do Méier e adjacências, parece ter se arrependido de rebocar carros va­zios.

Segundo me disse o Ângelo Tavares, ele deixou o Cen­tro Republicano e o vazio Areias que sempre foi trabalhado por uma máquina pneumática própria a extrair a inteligên­cia.

Caire ficou excêntrico, afirmou o Ângelo; mas creio que não.

O bondoso doutor Caire agora é que está no centro, no centro do espírito, da honradez e da bondade.

Tudo isto vem a pêlo porque, com o poeta Carlos Magalhães, que é candidato por Copacabana, eu sou também a intendente por Todos os Santos.

Penso não haver absurdo algum nisso e espero os votos dos meus patrícios.

Careta, Rio, 27-12-1919.