Academia de Letras
De quando em quando surge a notícia da fundação de uma nova academia de letras. Ultimamente, segundo se lê nos jornais, foi fundada uma em Niterói.
Temos, portanto, uma academia na Praia Grande e com quarenta membros que descobriram quarenta outras sumidades mortais que lhes apadrinham as poltronas.
Por todos esses Estados brasileiros, há academias literárias e todas elas com quarenta imortais, sendo os Estados vinte e incluindo a do Distrito Federal, vulgo, brasileira, temos, se a aritmética não falha, oitocentas e quarenta sumidades literárias, o que não é muito para país tão vasto e tão culto, como dizem ser o nosso.
A moda, porém, já está passando dos Estados para os municípios e destes para os bairros.
Já se falou aqui de uma academia suburbana; fala-se na de uma especial para Santa Cruz.
Não conheço a vida do famoso curato, onde está o matadouro; mas pessoa informada me disse que é coisa assentada lá a criação de uma.
Conheço poucas pessoas lá residentes e pouco poderei adiantar sobre a constituição da nova "ilustre companhia".
Mas, sob a cúpula da augusta sociedade saída de tão distante localidade, há de sentar-se por força o senhor Otacílio Camará que será naturalmente o seu presidente.
Aos muitos títulos que ele já possui, juntar-se-á mais este, para orgulho de seus eleitores.
Não terminarei, sem lembrar aos meus confrades de Niterói, que eles se esqueceram entre os seus paraninfos de Fagundes Varela.
Careta, Rio, 13-12-1919.