Ao passar

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Ei-la aí vai de rasto a esquálida carcassa,
Que o olhar da multidão colérica apedreja:
Caindo ao chão, traído em última peleja,
Tudo em sangue deixou, fez de tudo a desgraça.
 
Ergamo-lo, é dever, bem alto, em larga praça...
Alto, que o mundo inteiro o reconheça e veja.
Quer-se a estátua de bronze, em bronze eterno seja,
E o maldiga sem dó, quem vem, quem vai, quem passa.
 
Do meu ódio profundo à noite um astro arranco,
Para sempre ter luz, e pôr num clarão branco
No horror daquele crime o horror de um crime novo.
 
Olhai-o bem, fixai-o em vosso pensamento:
É mortalha mais vil, maior que o esquecimento,
A mortalha em que o cose o anátema de um povo...