Arreda que lá vai um vate!
Quiz um pobre sandeu apatetado
Sobre as grimpas guindar-se do Parnaso;
Empunha uma bandurra desmanchada,
E nas ancas se encaixa do Pegaso.
Ás crinas se afferrando, como doudo,
No bandulho do bruto as pernas cerra:
Manquejando na prosa, em verso rengo,
Ufanoso da gloria exclama e berra:
Ao Parnaso! Ao Parnaso subir quero!
Sonoroso anafil empunha ousado,
Para a fama elevar do sacrilegio
Com meu fôfo bestunto estuporado.
Os gatos mostrarei fugindo aos ratos,
Vistosos fructos em arbusto pêco;
Jumentos a voar, touros cantando,
E grandes tubarões nadando em secco!
Espanta-se o cavallo ao som da asneira,
E cuidando em si ter outro que tal,
Com saltos e corcovos desmedidos
O pateta lançou n’um tremedal.
Todo em lama, o coitado, bezuntado,
A bandurra tocou destemperada,
E, por fim do descante, só ficaram
Asneiras e sandices — patacoada.