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As mãos de minha avó

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Como manhã doirada e cor de rosa,
Que as asas cortam de uma pomba mansa,
Da minha avó trinava a mão rugosa
Nos meus loiros cabelos de criança.
 
A sua pele fora setinosa,
Com reflexos que o sangue à neve lança;
Passou com os anos por total mudança,
Sem contudo deixar de ser mimosa.
 
A fina palma o tempo avermelhara,
E o dorso, que riscavam grossas veias,
Tinha o tremor de um pássaro que pára.
 
— E eu me dizia: As suas mãos são feias,
Mas... quando as abre, abre-me uns céus, que enluara
A meiga luz de duas luas cheias.