Belleza sem amor!
Aspeto
Carlinda queres ouvir
A revelação do amor
Repara, mas sem punir
O teu mesquinho cantor.
Linda és qual linda rosa
Iguálas uma deidade
No mundo não ha beldade
Á tua sem paridade,
Á tua tão primorosa.
Uma paixão lisa e pura
Gastos tempos já roubaram
Uma fé sem ser perjura
Só os antigos mostraram.
Todas nos labios candor
Affectam mago sorrir —
Castas querem difundir
Almos gozos sem sentir
Bem contrarios ao amor!
Ronca ao longe a tempestade
Ah! descóras — Já te esquecem
As promessas da amizade
Que jurastes ao trovador?!..
Rio de Janeiro, 9 de janeiro de 1849.
Notas
[editar]- ↑ MONTEIRO, José Ferreira (Org.).Lisia poetica. Rio de Janeiro: [s. n.], 1848. v. 3, p. 308.