Borghi Mamo
Aspeto
Ao doce timbre harmonioso e brando
Da tua voz, ó alma enamorada,
Sinto minha alma em sonhos embalada
E como que eu também fico sonhando!
Como agitava o vento, perpassando,
A harpa eólea no salgueiro alada,
Tal me agita essa voz apaixonada
Quando, ó ave de amor, surges cantando.
Ouvir-te é como ver nascer a aurora:
Tudo inunda de luz, tudo ilumina
A tua voz angélica e sonora.
Solta, pois, a volata peregrina!
Ama, geme, soluça, canta e chora,
Celeste Aída, Malibran divina!
Rio, 1882.