Caos

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No fundo do meu ser, ouço e suspeito
Um pélago em suspiros e rajadas:
Milhões de vivas almas sepultadas,
Cidades submergidas no meu peito.

As vezes, um torpor de águas paradas...
Mas, de repente, um temporal desfeito:
Festa, agonia, júbilo, despeito,
Clamor de sinos, retintim de espadas,

Procissões e motins, glórias e luto,
Choro e hosana... Ferver de sangue novo,
Fermentação de um mundo agreste e bruto...

E há na esperança, de que me comovo,
E na grita de dúvidas, que escuto,
A incerteza e a alvorada do meu povo!