Cega duas vezes, vendo a Anarda
Aspeto
Querendo ter Amor ardente ensaio,
Quando em teus olhos seu poder inflama,
Teus sóis me acendem logo chama a chama.
Teus sóis me cegam logo raio a raio.
Mas quando de teu rosto o belo Maio
Desdenha amores no rigor que aclama,
De meus olhos o pranto se derrama
Com viva queixa, com mortal desmaio,
De sorte, que padeço os resplandores,
Que em teus olhos luzentes sempre avivas,
E sinto de meu pranto os desfavores
Cego me fazem já com ânsias vivas
De teus olhos os sóis abrasadores,
De meus olhos as águas sucessivas.