Cio

Wikisource, a biblioteca livre

Não ouças, não, o soluçar do cheiro
Dos lírios brancos, dos rosais florentes...
Que te não fale ao ouvido o jasmineiro...
No vale Pã e os Sátiros não sentes?...
 
Olha. É cada perfume um mensageiro,
Que te enlaça nas asas transparentes:
Cantam teu nome os troncos e as correntes,
Dançando aos sons de um colossal pandeiro!...
 
Com junquilhos gentis prende-te os pulsos
Eros, morde-te estranho calafrio,
Antes carícia, o flanco, e aos seus impulsos
 
Verás irada a natureza em cio,
E os deuses desgrenhados e convulsos
Beijando em choro as Náiades do rio!...