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Dalila (Luís Delfino)

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És como o mar, és como o céu, és tudo
Que se parece com o abismo, e o finge:
És formidável como a antiga esfinge;
És obra para o sonho, e para o estudo.

Às vezes cravo em ti olhar tão rudo
Como um machado, que mordendo ringe:
À lua dos astros, e o luar que o cinge,
Teu rosto é belo, ó deusa! — E não me iludo.

Preferes os Sansões, que amam chorando,
E ajoelham quando o teu olhar cintila:
Dos cílios, tens a grande sombra, orlando...

Mas... também tens, no fundo da pupila,
Uns raios fulvos, trêmulos, pingando
Sangue, que coalha em tuas mãos, Dalila!...