De leite o mar — lá desponta
De leite o mar — lá desponta
Entre as vagas sussurrando
A terra em que scismando
Vejo ao longe branquejar !
É baça e proeminente,
Tem d’Africa o sol ardente,
Que sobre a areia fervente
Vem-me a mente acalentar.
Debaixo do fogo intenso,
Onde só brilha formosa,
Sinto n’alma fervorosa
O desejo de a abraçar:
É minha terra querida,
Toda d’alma , — toda — vida, —
Qu’entre gozos foi fruida
Sem temores, nem pesar.
Bem vinda sejas ó terra,
Minha terra primorosa,
Despe as galas — que vaidosa
Ante mim queres mostrar:
Mesmo simples tens fulgores,
Os teus montes tem primores,
Que ás vezes fallam de amores
A quem os sabe adorar!
Navega pois, meu madeiro
Nestas aguas d’esmeraldas,
Vae junto do monte ás faldas
Nessas praias a brilhar!
Vae mirar a natureza,
Da minha terra a belleza ,
Que é singella, e sem fereza
Nesses plainos d’alem-mar!
De leite o mar, — eis desponta
Lá na extrema do horizonte,
Entre as vagas — alto monte
Da minha terra natal;
É pobre, — mas tão formosa
Em alcantis primorosa,
Quando brilha radiosa,
No mundo não tem igual!
Notas
[editar]- ↑ Governador de Benguela, de acordo com SOARES, Francisco. Maia Ferreira: um amor incestuoso. A ruga e a mão, Luanda, 14 mar. 2014. Disponível em: <http://arrugamao.blogspot.com.br/2015/03/maia-ferreira-um-amor-incestuoso.html>. Acesso em: 04 jul. 2015.