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Depois que a Belem chegàrão

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Depois q̇ a Belem chegàrão
Os Reys, q̇ ao Minino adorão,
As varias naçoẽs, que trazem,
Fazem diverſas galhofas.

Alli ſe achão Portugueſes,
Que deſde os confins de Europa
Vão ver os berços do dia
Là nas Regioens da Aurora.

Tanto que em Belem entràrão,
Suppondo, que era Lisboa,
Entre ſe he, ou não he,
Elles deſta ſorte o provão.

Aquella he a Porta do Sol,
Diz hum, do Portal à Porta,
Là ſe vè a Boa viſta
Nos olhos deſſa Senhora.

Vès acolà o Paraiſo,
Donde huns Anjos me namoraõ,
E antes a Porta da Cruz,
O Calvario daqui nota.

O Minino he o Bairro alto,
Bem que eſtà na Rua nova,
Olha acolà São Joſeph,
Annunciada, a Bem-poſta.

O caminho do Preſepio
He a calçada da Gloria,
Vès o Rocio tambem,
Que he daquella Aurora o aljofar.

Vés tambem o Boy fermoſo,
Que eſtà là dentro na choça,
As Pedras negras não vès
Em tantos Negros de Angola?

Não vès a Corte Real,
Donde eſtes Princepes moraõ,
Là eſtà o Forte levantado,
Inda que tão sò agora.

Pois ſe aqui temos Belem,
Pois ſe aqui temos Lisboa,
Eſta he logo a noſſa Patria,
Que donde eſtà Deos he a noſſa.

A penas diz, quando logo
Toda a gente ſe alvorota,
Ferve o pandeiro, a bandurria,
Tambor, adufe, & viola.

E caminhando ao Portal
Com algazàra eſtrondoſa,
Aos Ventos, Montes, & Valles
Iſto dizem, & iſto entoão.

Estribillo.

Eylo vay,
Mano Manoel, eylo vay,
Ora ſus anday,
Pois q̇ eſtamos na India, ẽ Belẽ, Portugal,
Que iſto faz Amor,
Que iſto Amor faz;
Que vos hei de querer,
Que vos hei de amar,
Que não poſſo mais,
Eylo vay, eylo vay,
Ora ſus anday.

Coplas.

Deſta ſorte a chuſma
Chegava ao Portal,
Em que o Sol divino
Seu Oriente faz.

E vendo o Minino
Com os Reys tratar,
Remoques amantes
Cada qual lhe dá.

Falaime minha Alma,
Olhay para cà,
Suppoſto que tudo
Vedes donde eſtais.

Se vos dão preſentes
Os Reys de Sabá,
Nòs vos damos a alma,
Vede qual he mais.

Cahiovos em graça
O mundo, oxalâ,
Fora eſte caïr
Novo levantar.

O ver que os cativos
Vindes reſgatar,
Eſta liberdade
Ma cativa mais.

Atento o Minino
Eſcutando eſtà
Affectos amantes
De peitos leaes.

Com hum riſo brando,
E hum ſuave olhar,
Da fineſa em premio,
Todos ſatisfaz.

Alli dà a entender
Aos de Portugal,
Que as Quinas por Armas
Em ſorte ha de dar.

Cada qual com iſto
Tam contente vay,
Que louco de amores,
Não ſabe o que faz.

Deſpedemſe em fim,
Deixandolhe là
As almas, & aſſim
Tornão a cantar.

Eilo vay, &c.