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Dicionário biobibliográfico cearense/Raymundo de Farias Brito

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Raymundo de Farias Brito (Dr.) — Filho de Marcolino José de Brito, natural de Sobral e D.ª Eugenia Alves de Farias, nasceu em S. Benedicto, Ibiapaba, a 24 de Julho de 1863.

Depois de haver feito os primeiros estudos em Sobral com D.ª Laureana Bravo, Emiliano Pessoa e Francisco de Sampaio, entrou para o Lyceu de Fortaleza em 1879 e concluídos os preparatórios partiu em 1881 para Pernambuco em cuja Faculdade de Direito se matriculou. Bacharelado em 1884, seguiu para Viçosa como Promotor publico, cargo para que fôra nomeado ainda quando acadêmico pelo presidente Carlos Ottoni. De Viçosa foi removido para Aquiraz.

Na administração Caio Prado foi o Secretario do Governo. Tendo pedido exoneração do cargo de Secretario na administração liberal do Senador Avila, seguiu em 1889 para o Rio de Janeiro.

De volta ao Ceará, fez parte da lista para deputados federaes organizada pela opposição ao governo do Estado, não conseguindo, todavia, ir á Camara.

Eleito presidente, o General José Clarindo de Queiroz escolheu-o para seu secretario, mas com os successos de 16 de Fevereiro de 1902 foi atirado ao ostracismo.

Nomeado pelo governador Nogueira Accioly professor de Grego do Lyceu da Fortaleza, permutou a cadeira com o professor de Historia, abandonou-a, porem, preferindo residir em Belém, do Pará, campo mais vasto para o exercício de seus altos dotes intellectuaes e onde teve vasta clientela como advogado de nota que é. Em Belém foi nomeado 3.° Promotor, lente de Logica do Lyceu e lente de Philosophia da Faculdade Livre de Direito.

Transferindo-se para o Rio de Janeiro apresentou-se ao concurso de Philosophia do Collegio Pedro II e faz parte do Corpo docente desse instituto de instrucção.

E’ auctor dos seguintes trabalhos:

Cantos Modernos, poesias, in-8.° peq. 132 pp., Rio de Janeiro, Laemmert & C.ª, 66, Rua do Ouvidor, 1889,

Pequena historia. Ligeiro apanhado sobre os Phenicios e Hebreus, 1891. Typ. do « Cearense », n.º 88 Rua Formosa, 66 pp.

Foi com essa monographia que elle se apresentou ao concurso da cadeira de Historia no Lyceu do Ceará.

Divagações em torno de uma grande mentalidade. Publicado na « Revista do Instituto do Ceará », 2.º, 3º e 4.º trimestres de 1892.

Finalidade do Mundo : estudos de philosophia e teleologia naturalista. Fortaleza, 1895, 1.º vol., 326 pp., in-8.º Homens do Ceará. Dr. Thomaz Pompeu. Publicado na « Revista da Academia Cearense », fasc. 1.º, anno 1.º, 1896.

Homens do Ceará. Dr. Guilherme Studart. Publicado na « Revista da Academia Cearense », 1897.

Sobre a Philosophia de Malebranche, publicado na « Revista da Academia Cearense », anno de 1898.

Finalidade do Mundo, 2.º vol., Fortaleza, 1899.

Manifesto do Corpo Commercial do Ceará contra o Sello de stock. Ceará, Lith. Cearense, 68, Rua Formosa, 1900, in-8.° de 15 pp. Sem assignatura.

O Positivismo do Snr. Major Gomes de Castro e as Conferencias do P.e Dr. Julio de Maria. São artigos publicados na Província do Pará e depois mandados reproduzir em folheto de 52 pp. por um amigo do distincto homem de letras. A reproducção foi feita na Typ. Moderna a Vapor, Ateliers-Louis, 71, Rua Formosa, Fortaleza, 1902.

Finalidade do Mundo; 3.ª parte, in-4.º, 317 pp. editores Tavares Cardoso e C.ª, Pará, 1905.

Sobre a Finalidade do Mundo escreveram estudos Clodoaldo de Freitas na Revista Contemporânea, de Recife, 1895, Clovis Bevilaqua na Revista do Brazil, 1897, ns. 6, 7 e 8 e reproduzido no volume Esboços e Fragmentos, pags. 187—206, e Rocha Pombo nos Annaes, Rio de Janeiro, 1905.

A verdade como regra das acções, 112 pp., in-4.º, editores Tavares Cardoso e & C.ª, Pará, 1905. Complemento pratico da Finalidade, esse volume encerra parte do curso professado pelo auctor perante os primeiro-annistas da Faculdade Livre de Direito do Pará.

A Philosophia como actividade permanente do espirito humano.

A Philosophia moderna.

Evolução e Relatividade.

A Base Physica do Espirito, Livraria Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1912.

— O Mundo Interior. Ensaio sobre os dados geraes da philosophia do espirito, Rio de Janeiro, 1914. Farias Brito quando acadêmico redigiu O Iracema com Álvaro de Alencar e J. C. Linhares d’Albuquerque, e foi em 1887 nas paginas da Quinzena, propriedade do Club Litterario de Fortaleza, que se revelou primeiro um scientista com seus artigos sobre Psychologia ethnographica.

Agora mesmo acaba de fundar-se em S. Benedicto uma associação literaria, que se intitula Atheneu Litterario Farias Brito. Justa e merecida homenagem ao mais illustre filho daquella localidade, ao grande philosopho Brasileiro.

Farias Brito foi um dos fundadores e por muito tempo o orador da Academia Cearense.