El gran galeoto

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Estalou-te na cara, um dia, a bofetada
Da mão do amigo sério; um látego nojento
Mordeu-lhe o corpo todo, e em sangue a lacerada
Carne pendeu do torso, e balançou-a o vento.
 
A soluçar rugiste, e o rosto macilento
Escondeu pela barba insonte e arrepiada
A lágrima da dor; como a um ser odiento
Viu-se fugir de ti a terra amedrontada.
 
Onde a plebe urra, e dança, e sangra ao pugilato,
Ergueram alto um poste infame ao teu retrato,
Que oscilou aos baldões, aos sóis, às chuvas, nu.
 
E a calúnia somente, ó Mestre, apunhalou-te!...
E, como vens, como um bandido atrás da noute,
Golpear, ferir também, à sombra dela, tu?...