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Eram pretos — maviosos

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A UNS OLHOS QUE EU VI!



Eu amo os olhos que fallam,
Que vibram no coração.

J. Aboim.


Eram pretos — maviosos
Uns ternos olhos qu’eu vi,
Eram languidos — mimosos,
Que por elles eu morri!
Como nenhuns fulguravam,
E no seu brilho mostravam
Que docemente infiltravam
Os amores qu’eu senti!

Seu olhar enfeitiçava,
Com maga, doce expressão
Quem sobre elles fitava
Com meiga , terna paixão.
Na terra nào vi iguaes,
Eram quaes lindos cristaes,
Com fulgores divinaes,
D’inspirada vibração!

Os olhos pardos amei,
Pelos azues já morri;
Mas por estes que fitei
Desde logo endoideci
Quem me déra ser senhor
Desses olhos de candôr,
Que amaria com fervôr
Esse rosto em quem os vi.

Porem, baldada esperança!
— Esses olhos não são meus;
Mostraram-me esquivança,
Por ser contra as leis de Deus.
Já a outro dado haviam
O qu’elles ternos diziam,
O amor qu’elles sentiam,
Quaes eram os votos seus!