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Eu (Augusto dos Anjos, 1912)/A um Mascarado

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A um Mascarado


Rasga esta máscara optima de sêda
E atira-a á arca ancestral dos palimpsestos...
É noite, e, á noite, a escándalos e incestos
É natural que o instincto humano accêda!

Sem que te arranquem da garganta quêda
A interjeição damnada dos protestos,
Has de engulir, igual a um porco, os restos
Duma comida horrivelmente azêda!

A successão de hebdómadas medonhas
Reduzirá os mundos que tu sonhas
Ao microcòsmos do ovo primitivo...

E tu mesmo, após a ardua e atra refréga,
Terás somente uma vontade céga
E uma tendencia obscura de ser vivo!