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Eu (Augusto dos Anjos, 1912)/Decadencia

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Decadencia

 

Iguaes ás linhas perpendiculares
Cahiram, como crueis e hórridas hastas,
Nas suas 33 vértebras gastas
Quasi todas as pedras tumulares!

A frialdade dos circulos polares,
Em successivas actuações nefastas,
Penetrara-lhe os proprios neuroplastas,
Estragára-lhe os centros medullares!

Como quem quebra o objecto mais querido
E começa a apanhar piedosamente
Todas as microscopicas particulas,

Elle hoje vê que, após tudo perdido,
Só lhe restam agora o ultimo dente
E a armação funeraria das claviculas!