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Eu (Augusto dos Anjos, 1912)/Depois da Orgia

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Depois da Orgia
 

O prazer que na orgia a hetaira goza
Produz no meu sensorium de bacchante
O effeito de uma túnica brilhante
Cobrindo ampla apostema escrophulosa!

Troveja! E anhélo ter, soffrega e anciosa,
O systema nervoso de um gigante
Para soffrer na minha carne estuante
A dor da força cósmica furiosa.

Apraz-me, emfim, despindo a ultima alfaia
Que ao commercio dos homens me traz presa,
Livre deste cadeado de peçonha,

Similhante a um cachorro de atalaia
A’s decomposições da Natureza,
Ficar latindo minha dor medonha!