Eu (Augusto dos Anjos, 1912)/Mater Originalis
Aspeto
Mater Originalis
Forma vermicular desconhecida
Que estacionaste, misera e mofina,
Como quasi impalpavel gelatina,
Nos estados prodrómicos da vida;
O hierophante que leu a minha sina
Ignorante é de que és, talvez, nascida
Dessa homogeneidade indefinida
Que o insigne Herbert Spencer nos ensina.
Nenhuma ignota união ou nenhum nexo
A’ contingencia orgánica do sexo
A tua estacionaria alma prendeu.
Ah! de ti foi que, autónoma e sem normas,
Oh! Mãe original das outras fórmas,
A minha fórma lugubre nasceu!