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Eu (Augusto dos Anjos, 1912)/Sonho de um Monista

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Sonho de um Monista


Eu e o esqueleto esquálido de Eschylo
Viajávamos, com uma ancia sybarita,
Por toda a pro-dynamica infinita,
Na inconsciencia de um zoóphito tranquillo.

A verdade espantosa do Prothylo
Me aterrava, mas dentro da alma afflicta
Via Deus — essa mónada exquisita —
Coordenando e animando tudo aquillo!

E eu bemdizia, com o esqueleto ao lado,
Na gutturalidade do meu brado,
Alheio ao velho cálculo dos dias,

Como um pagão no altar de Proserpina,
A energia intra-cósmica divina
Que é o pai e é a mãe das outras energias!