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Fabulas de Narizinho/A mosca e o automovel

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A mosca e o automovel


Um automovel encalhou em certo ponto de máo caminho, onde havia um atoleiro.

— E agora?

— Agora é procurar bois na vizinhança e arrancal-o á força viva.

Assim se faz. Vêm os bois — uma junta de coice. Atrelam-na ao carro e principia a faina.

— Vamos, Malhado! Puxa, Cuitelo!

Os bois estiram os musculos, num potente esforço, espicaçados pelo aguilhão.

Mas não basta. E' preciso que todos, serviçaes e passageiros, mettam hombros á tarefa e, empurrando de cá, alçapremando de lá, ajudem o arranco dos bovinos.

Neste momento surge uma senhorita mosca. Assumpta o caso e resolve metter o bedelho onde não é chamada.

E toda afflictasinha começa — vôa doqui, pousa alli, zumbe á orelha de um, pica no focinho de outro, atormenta os bois, atrapalha os homens, multiplicando-se de tal maneira que dá a impressão de ser, não uma só, mas um enxame inteiro de moscardos infernaes.

O carro, afinal, arranca-se do atoleiro e a mosquinha, enxugando o suor que lhe cae da testa, exulta, orgulhosa:

— Se não fosse eu...



Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.


Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.