Febre

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Quando a vejo passar, taça límpida e cheia,
Que nenhum lábio humano até hoje tocou,
Sinto que febre intensa a minha alma incendeia,
E ardo por lha tomar, no delírio em que estou.

E ela passa por mim do meu mal tão alheia,
Sem saber da emoção que um louco atrás deixou;
E quero acometê-la, e sinto uma cadeia,
Que em meu leito de angústia em voltas me cerrou.

Eu tenho fome, vem, fruto do paraíso;
Eu tenho sede, em vão grito: formosa, vem;
Virá contigo, eu juro, o perdido juízo.

Do cíato, que o aroma impoluto contém,
Quero beber o céu, à sombra do teu riso,
E Éden novo e melhor ter eu nele também!...