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Fidalgo

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Pé esguio, fino, à Metistófele, para galgar, não já a Roma pomposa e purpúrea, enflorada em glória; nem mesmo já a Grécia estóica, de ouro e de mármore; mas para supremamente galgar as regiões infinitas e virgens da deslumbrante Originalidade.

Colorido de graça, madrigalesco e maravilhoso, a luva negra vestindo a mão real de loiro e fantasioso Excentrista, a face meditadora e branca voltada para as Estrelas, donde surgiriam as leis transcendentes da Arte, penetrarias os pórticos suntuosos de palácios d’esmeralda e safira, subindo por escadarias de prata e pérola.

E, prodigiosamente, em sedas e ouros de luz, aí te perpetuarias nos Azues imortais da Eternidade, onde o Espírito deve ter, não a claridade coruscante e clarinetante do Sol, mas o brilho de paz, de incomparável repouso são da Lua solene e sonolenta.

A tua Obra, vasta e fecundadora, seria então singularmente traçada em panos mais largos que os de tendas do deserto e mais alvos ainda do que as neves imaculadas.

Com um fio d’astro cinzelarias, darias esmaltes indeléveis e marchetarias idéias, como um tecido d’estrelas, liriais e siderais.

E, para que a correção inteira, a harmonia perfeita irradiasse na Obra, em luz mais clara, um pássaro estranho, cor de brasa, branco, azul, conforme o tom do teu Ideal, cantaria, gorjearia em ruflagens d’asa ao alto de tua nobre cabeça fidalga, como que para te ritmar as idéias.

E tu, como um deus mítico, afinarias pelo ritmo inefável do canto os pensamentos delicados da grande Obra, até produzires nela a harmonia, a cor, o aroma.

Músicas excelsas e tristes, como uma combinação de roxo e azul profundo, dariam frêmitos, vibrações às tuas páginas, que ficariam vivendo com o Som, perpetuamente.

Bonzos, Manitus, não gralhariam e grasnariam jamais em torno de teu ser abstrato e tranqüilo, feito para florir, cantar e resplandecer.

Como as pérolas guardadas em cofres do Oriente, envoltas em areia do Mar Vermelho, para não perderem o raro esplendor, a tua Obra, coroada pelas rosas triunfais da Originalidade, ficaria afinal, ó Fidalgo da Arte! envolta nos mistérios do Sol, egregiamente cantando e chamejando, na helênica resplandecência daForma.