Fim de viagem
Venho a sonhar contigo... E, no meu sonho,
Vendo o arraial bucólico, risonho,
Onde floriu essa paixão feliz. .
Com que saudade, com que gosto amargo,
Relembro a tua casa em frente ao Largo,
Que tu chamavas "Largo da Matriz".
Vejo-te ainda, lá nesse povoado,
Tua cestinha de costura ao lado,
Perdida em sonhos de felicidade.
E o trem, enquanto assim eu cismo, aflito,
Entra, a bufar, com enervante apito,
Pela cidade adentro... Oh, a cidade!
São ruas. Vielas. Bairros proletários.
Rasgando o azul, ao longe, os campanários,
E as chaminés das fábricas e usinas.
Vivos letreiros, no alto, em letras largas.
Aqui - vagões; depósitos de cargas;
Pontes, guindastes, máquinas, cabinas...
Mas eu, no entanto, pensativo e mudo,
Passo por tudo, indiferente a tudo,
Bem longe tendo o espírito daqui;
E vejo apenas - que visão tranqüila! -
Tua longínqua e solitária vila,
Donde, chorando, esta manhã parti...