Flores do Mal/O Azar

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XI

O Azar


Com peso tal, não me ageito;
Dá-me, Sisifo, vigor!
Embora eu tenha valor,
A Arte é larga e o Tempo estreito.

Longe dos mortos lembrados,
A um obscuro cemitério,
Minh’alma, tambor funéreo,
Vae rufar trechos magoados.

— Ha muitas joias ocultas
Na terra fria, sepultas
Onde não chega o alvião;

Muita flor exala a medo
Seus perfumes no degredo
Da profunda solidão.