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Flores do Mal/Sepultura d'um poeta maldito

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LXXII

Sepultura d’um poeta maldito


Se, em noite horrorosa, escura,
Um cristão, por piedade,
Te conceder sepultura
Nas ruínas d’alguma herdade,

As aranhas hão de armar
No teu’coval suas teias,
E nêle irão procrear
Víboras e centopeias.

E sobre a tua cabeça,
A impedi-la que adormeça.
— Em constantes comoções,

Has de ouvir lobos a uivar,
Das bruxas o praguejar,
E os conluios dos ladrões.