João Ferreira de Almeida 1819 (ortografia atualizada)/Marcos/XI
Aspeto
- E COMO já chegaram perto de Jerusalém, em Betfagé e Betânia, ao monte das Oliveiras, mandou dois de seus Discípulos.
- E disse-lhes: ide à aldeia, que está em fronte de vós; e logo, em nela entrando, achareis um poldro[1] ligado, sobre o qual nenhum homem se tem assentado; soltai-o, e trazei-o.
- E se alguém vos disser: Por que fazeis isso?, dizei que: O Senhor o há mister[2], e logo o mandará para cá.
- E foram, e acharam o poldro[1] ligado à porta, fora entre dois caminhos, e o soltaram.
- E alguns dos que ali estavam, lhes disseram: Que fazeis, soltando o poldro[1]?
- Porém eles lhes disseram como Jesus lhes tinha mandado, e os deixaram ir.
- E trouxeram o poldro[1] a Jesus, e lançaram sobre ele seus vestidos, e assentou-se sobre ele.
- E muitos estendiam seus vestidos pelo caminho, e outros cortavam ramos das árvores, e os espalhavam pelo caminho.
- E os que iam diante, e os que seguiam, clamavam: Hosana, bendito o que vem no Nome do Senhor!
- Bendito o Reino de nosso Pai Davi, que vem no Nome do Senhor; Hosana nas alturas!
- E entrou Jesus em Jerusalém, e no Templo; e havendo visto tudo ao redor, e sendo já tarde, saiu-se para Betânia com os doze.
- E no dia seguinte, saindo eles de Betânia, teve fome.
- E vendo de longe uma figueira, que tinha folhas, veio a ver se nela acharia alguma coisa; e chegando a ela, não achou senão folhas; porque não era tempo de figos.
- E respondendo Jesus, disse-lhe: Nunca de ti ninguém mais coma fruto para sempre. E isto ouviram seus Discípulos.
- E vieram a Jerusalém; e entrando Jesus no Templo, começou a lançar fora aos que no Templo vendiam e compravam; e trastornou as mesas dos cambiadores, e as cadeiras dos que vendiam pombas.
- E não consentia que alguém levasse vaso algum pelo Templo.
- E ensinava, dizendo-lhes: Não está escrito: Minha casa, casa de oração será chamada de todas as gentes? Mas vós outros a tendes feito cova de salteadores[3].
- E ouviram isto os Escribas, e os Príncipes dos Sacerdotes, e buscavam como o matariam; porque o temiam, porquanto toda a companhia estava espantada acerca de sua doutrina.
- E como já foi tarde, saiu-se fora da cidade.
- E passando pela manhã, viram que a figueira estava seca desde as raízes.
- E lembrando-se Pedro, disse-lhe: Rabi[4], vês aqui a figueira, que amaldiçoaste, se secou.
- E respondendo Jesus, disse-lhes: Tende fé em Deus.
- Porque em verdade vos digo, que qualquer que disser a este monte: Alça-te, e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que ser fará o que diz, tudo o que disser se lhe fará.
- Portanto vos digo, que tudo o que pedirdes orando, crede que o recebereis, e vir-vos-há.
- E quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe vossas ofensas.
- Mas se vós outros não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará vossas ofensas.
- E tornaram a Jerusalém; e andando ele pelo Templo, vieram a ele os Príncipes dos Sacerdotes, e os Escribas, e os Anciãos.
- E disseram-lhe: Com que autoridade fazes estas coisas? e quem te deu esta autoridade, para fazerdes estas coisas?
- Mas respondendo Jesus, disse-lhes: Também eu vos perguntarei uma palavra, e respondei-me; e então vos direi com que autoridade estas coisas faço.
- O Batismo de João era do céu, ou dos homens? Respondei-me.
- E eles arrazoavam[5] entre si, dizendo: Se dissermos do céu, dir-nos-á: Por que pois o não crestes?
- Porém se dissermos dos homens, tememos ao povo; porque todos tinham de João que verdadeiramente era Profeta.
- E respondendo, disseram a Jesus: Não sabemos. E respondendo Jesus, disse-lhes: Também eu vos não direi com que autoridade estas coisas faço.