João Ferreira de Almeida 1819 (ortografia atualizada)/Mateus/VIII
Aspeto
- E DESCENDO ele do monte, o seguiram muitas companhias
- E eis que veio um leproso, e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, bem me podes alimpar.
- E estendendo Jesus a mão, tocou-o, dizendo: quero, sê limpo; e logo de sua lepra ficou limpo.
- Então lhe disse Jesus: Olha que a ninguém o digas; mas vai, mostra-te ao Sacerdote, e oferece o presente que Moisés mandou, para que lhes conste.
- E entrando Jesus em Cafarnaum, veio a ele o Centurião, rogando-lhe,
- E dizendo: Senhor, o meu moço jaz em casa paralítico, gravemente atormentado.
- E Jesus lhe disse: Eu virei, e o curarei.
- E respondendo o Centurião, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo de meu telhado; mas dize somente uma palavra, e o meu moço sarará.
- Porque também eu sou homem debaixo de potestade[1], e tenho debaixo de mim soldados; e digo a este: vai, e ele vai; e ao outro: vem, e vem; e a meu servo: faze isto, e fá-lo.
- E ouvindo Jesus isto, maravilhou-se, e disse aos que o seguiam: em verdade vos digo, que nem ainda em Israel achei tanta fé.
- Mas eu vos digo, que muitos virão do Oriente, e do Ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no Reino dos céus.
- E os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores; ali será o pranto, e o ranger de dentes.
- Então disse Jesus ao Centurião: vai, e assim como creste, te seja feito. E naquela mesma hora sarou seu moço.
- E vindo Jesus à casa de Pedro, viu a sogra deitada, e com febre.
- E tocou-lhe a mão, e a febre a deixou; e levantou-se, e servia-os
- E como já foi tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e lançou-lhes fora os Espíritos malignos com a palavra, e curou a todos os que mal se achavam.
- Para que se cumprisse o que estava dito pelo Profeta Isaías, que disse: Ele tomou sobre si nossas enfermidades, e levou as nossas doenças.
- E vendo Jesus muitas companhias ao redor de si, mandou que passassem da outra banda.
- E chegando-se um Escriba a ele, disse-lhe: Mestre, aonde quer que fores, te seguirei.
- E Jesus lhe disse: As raposas tem covis, e as aves do céu ninhos; mas o Filho do homem não tem aonde encoste a cabeça.
- E outro de seus Discípulos lhe disse: Senhor, permite-me que vá primeiro e enterre a meu pai.
- Porém Jesus lhe disse: Segue-me tu, e deixa aos mortos enterrar seus mortos.
- E entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram.
- E eis que se levantou uma tão grande tormenta no mar que o barco se cobria das ondas; porém ele dormia.
- E chegando seus Discípulos, o acordaram, dizendo: Senhor, salva-nos, que nos perdemos!
- E ele lhes disse: Porque temeis homens de pouca fé? Então, levantando-se, repreendeu aos ventos e ao mar, e houve grande bonança.
- E aqueles homens se maravilharam, dizendo: quem é este? que até os ventos e o mar lhe obedecem!
- E como passou da outra banda, à província dos Gergesenos, vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados, que saíam dos sepulcros, tão ferozes que ninguém podia passar por aquele caminho.
- E eis que clamaram, dizendo: que temos contigo, Jesus Filho de Deus? vieste aqui a nos atormentar antes de tempo?
- E estava uma manada de muitos porcos longe deles pascendo[2].
- E os Diabos lhe rogaram, dizendo: se nos lançares fora, permite-nos que entremos naquela manada de porcos.
- E disse-lhes: Ide. E saindo eles, entraram na manada dos porcos; e eis que toda aquela manada de porcos se precipitou no mar, e morreram nas águas.
- E os porqueiros fugiram, e vindo à cidade, denunciaram todas estas coisas, e o que acontecera aos endemoninhados.
- E eis que toda aquela cidade saiu ao encontro de Jesus, e vendo-o, lhe rogaram que se retirasse de seus termos.