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João Ferreira de Almeida 1819 (ortografia atualizada)/Lucas/V

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  1. E ACONTECEU que, derribando-se as companhas sobre ele, por ouvirem a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genezaré.
  2. E viu estar dois barcos junto à praia do lago: e havendo os pescadores descendido deles, estavam lavando as redes.
  3. E entrando em um daqueles barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o desviasse um pouco de terra: e assentando-se, ensinava as companhas desde o barco.
  4. E como deixou de falar, disse a Simão: Leva em alto mar, e lançai vossas redes pera pescar.
  5. E respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada tomamos; mas em tua palavra lançarei a rede.
  6. E fazendo-o assim, colheram grande multidão de peixes, e sua rede se rompia.
  7. E capearam aos companheiros, que estavam no outro barco, que viessem ajudar. E vieram, e encheram ambos os barcos, de tal modo, que quase se iam a pique.
  8. E vendo Simão Pedro isto, derribou-se aos pés de Jesus, dizendo: Sai-te de mim, Senhor, que sou homem pecador.
  9. Porque espanto o tinha tomado, e a todos os que com ele estavam, pela presa dos peixes que tomaram.
  10. E semelhantemente também a Jacobo e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. E disse Jesus a Simão: Não temas; desde agora tomarás homens.
  11. E como levaram os barcos à terra, deixando tudo, o seguiram.
  12. E aconteceu que, estando em uma daquelas cidades, eis hum homem cheio de lepra, e vendo a Jesus, prostrou-se sobre o rosto, e rogou-lhe, dizendo: Senhor, se quiseres, bem me podes alimpar.
  13. E estendendo ele a mão, tocou-o, dizendo: Quero, sê limpo. E logo a lepra se foi dele.
  14. E mandou-lhe que o não dissesse a ninguém: Mas vai, disse, mostra-te ao Sacerdote, e oferece por tua limpeza, como mandou Moisés, parque lhes conste.
  15. Porém sua fama andava tanto mais: e ajuntaram-se muitas companhas a o ouvir, e a serem curados por ele de suas enfermidades.
  16. Mas ele se retirava aos desertos, e ali orava.
  17. E aconteceu um daqueles dias que estava ensinando, e estavam ali assentados Fariseus e Doutores da Lei, que tinham vindo de todas as aldeias de Galileia, e de Judeia, e de Jerusalém; e a virtude do Senhor estava ali pera os curar.
  18. E eis aqui uns homens, que traziam em uma cama a hum homem que estava paralítico; e procuravam levá-lo dentro, e pô-lo diante dele.
  19. E não achando por onde o poder levar dentro, por causa da companha, subiram em cima do telhado, e pelas telhas o abaixaram com o catre ao meio, diante de Jesus.
  20. E vendo ele sua fé deles, disse-lhe: Homem, teus pecados te são perdoados.
  21. E os Escribas e os Fariseus começaram a imaginar, dizendo: Quem é este, que fala blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?
  22. Porém conhecendo Jesus seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes: Que imaginais em vossos corações?
  23. Qual é mais fácil, dizer: teus pecados te são perdoados; ou dizer: levanta-te, e anda?
  24. Ora para que saibais, que o Filho do homem tem poder para na terra perdoar pecados, (disse ao paralítico:) A ti te digo, levanta-te, e tomando teu catre, vai-te para tua casa.
  25. E levantando-se ele logo diante deles, e tomando o catre em que estava deitado, foi-se para sua casa, glorificando a Deus.
  26. E tomou espanto a todos, e glorificavam a Deus; e foram cheios de temor, dizendo: Hoje vimos coisas incríveis.
  27. E depois destas coisas, saiu-se; e viu a um publicano, por nome Levi, assentado na alfandega, e disse-lhe: Segue-me.
  28. E deixando ele tudo, levantou-se, e seguiu-o.
  29. E fez-lhe Levi hum grande banquete em sua casa; e estava ali muita companha de publicanos, e de outros que com eles assentados estavam à mesa.
  30. E seus Escribas deles, e os Fariseus murmuravam contra seus Discípulos, dizendo: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?
  31. E respondendo Jesus, disse-lhes: Os que estão sãos não necessitam de médico, senão os que estão enfermos.
  32. Não vim eu a chamar aos justos, senão aos pecadores à conversão.
  33. Então lhe disseram eles: Por que os Discípulos de João jejuam muitas vezes, e fazem orações, como também os dos Fariseus; porém os teus comem e bebem?
  34. Mas ele lhes disse: Podeis vós fazer jejuar aos que estão de bodas, enquanto o esposo está com eles?
  35. Porém dias virão, quando o esposo lhes será tirado; e então naqueles dias jejuarão.
  36. E dizia-lhes também uma parábola: Ninguém deita remendo de pano novo em vestido velho; de outra maneira, o novo rompe ao velho; e a o velho não convém remendo do novo.
  37. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; de outra maneira romperá o vinho novo os odres, e derramar-se-á o vinho, e os odres se danarão.
  38. Mas o vinho novo se há de deitar em odres novos; e ambos juntamente se conservam.
  39. E ninguém que beber o velho, quer logo o novo; porque diz: melhor é o velho.